Eletricidade, atividade de risco. Fique atento aos profissionais contratados para o seu condomínio!

“Este profissional deve ter conhecimentos de eletricidade para tomar as decisões corretas e não colocar em risco o condomínio ou a instalação como um todo.”

É muito comum nos condomínios haver um profissional que faz de tudo, arruma os vazamentos, conserta torneiras, desentope o esgoto e troca uma tomada, entre tantas atividades. Mas quero chamar a atenção de alguns pontos sobre o perfil dos profissionais que devem ser considerados na hora da contratação, em especial para atividades com a eletricidade, que é minha especialidade. Nem sempre o profissional que faz tudo é o ideal, pois é preciso ressaltar o risco que o trabalho com a eletricidade oferece.

Nesse sentido, o primeiro ponto a destacar é que, quem vai trabalhar com eletricidade, deve ter participado, e obtido aproveitamento satisfatório, de um curso obrigatório pela Norma Regulamentadora nº 10 (NR-10), onde, em 40 horas, o profissional irá conhecer e rever todos os riscos que a eletricidade pode oferecer e, principalmente, quais são as medidas de segurança que ele e os responsáveis devem tomar. Portanto, após este curso, o profissional terá condições de decidir a ação com segurança.

Um segundo ponto, e não menos importante do que o anterior, é que este profissional deve ter conhecimentos de eletricidade para tomar as decisões corretas e não colocar em risco o condomínio ou a instalação como um todo. Um exemplo: o condomínio precisou instalar uma tomada na área comum, para que fosse ligada uma máquina para o pessoal da faxina lavar o saguão. Pois bem, o profissional tem que ter conhecimento mínimo para saber que esta tomada deve ter características próprias, como:

– Proteção contra umidade;

– O circuito desta tomada deverá ser protegido por DR (assunto que já tratamos por aqui);

– Não poderá estar acessível às crianças, uma vez que estará em local de circulação desta garotada;

– Deverá saber qual o dimensionamento desta tomada, de onde será originado o circuito, quais a proteções ela (a tomada) deverá ter (proteção contra sobrecorrente, por exemplo) e outros tantos pontos que faz esse simples dispositivo parecer uma obra de arte.

Mas é assim mesmo, por este motivo é que devemos ter o maior cuidado com os profissionais contratados.

Outro cuidado deve recair sobre a própria segurança e vida do profissional. Profissionais mais antigos tendem a realizar as atividades sem se preocupar com a segurança, pois, utilizando-se do jargão “sempre fiz assim e não aconteceu nada de errado”, vão se arriscando. Já presenciei situações em que o profissional que realiza serviços em um prédio, incluindo os de eletricidade, me mostrava o serviço que havia realizado para obter um circuito elétrico para alimentar um conjunto de câmeras, onde ele tomou a decisão de fazer a derivação diretamente nos barramentos, dentro da cabine de medição. Não seria problema, se ele não tivesse me informado que furou o barramento e colocou os parafusos para interligar os conectores com o circuito energizado…!!!

Para você que está lendo e não entende o risco que ele correu, os explicitarei aqui: ele correu risco de morrer eletrocutado, uma vez que ele estava com barramentos alimentados em 220 Volts e se arriscou sem qualquer EPI (Equipamento de proteção individual) adequado; o segundo risco foi de ficar totalmente queimado por um arco elétrico, pois se houvesse uma pequena falha no circuito elétrico da furadeira, ele teria ocasionado um curto circuito que, naquele nível, geraria um arco elétrico tão grande que dificilmente ele sobreviveria, além, é claro, de causar danos  ao condomínio e deixá-los  sem energia por um bom tempo.

Com estes exemplos, quero terminar este artigo e deixar clara a mensagem de que não é importante ter um “faz tudo”, mas sim profissionais que entendam do que fazem e que façam de forma correta e segura, pois o condomínio é responsável pelo serviço e pelas equipes que ali trabalham.

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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).

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