Meu porteiro é desrespeitado pelos condôminos, e agora?

Este momento é muito apropriado para se falar um pouco sobre relações humanas, particularmente aquelas que ocorrem no ambiente de trabalho.

O mundo de hoje trouxe mudanças expressivas sobre as relações humanas. Particularmente a tecnologia, que aproximou distâncias através do uso do correio eletrônico e até mesmo das videoconferências. Contudo, o uso da tecnologia igualmente provocou um esfriamento dessas relações e nós precisamos estar atentos para que isto não afete nosso dia- -a-dia. Neste sentido, perceber o Outro, seja ele o vizinho condômino ou os vários funcionários que cuidam da estrutura de serviços condominiais, é um fator chave para que se desenvolvam relações humanas em bases sólidas.

Para tanto, é preciso entender de forma objetiva como os problemas de relacionamento se formam, para que nós possamos buscar soluções igualmente objetivas. Descobrir a causa raiz de um conflito traz em si as respostas e soluções para tal problema.

Neste sentido, é fundamental que se levantem as reclamações. Elas devem ser claras e detalhadamente exemplificadas. Por exemplo, um condômino pode reclamar de “falta de agilidade” por parte do porteiro, ou o porteiro pode reclamar de “falta de cordialidade” por parte de um condômino.

Isto feito, é hora então de classificar as reclamações de forma que possamos melhor compreender suas causas e, assim, saibamos buscar e propor soluções plausíveis. Uma dica importante que pode ser utilizada é classificar os problemas como propõem hoje as melhores práticas de Gestão por Competências e Gestão de Pessoas. Uma destas práticas é o CHA – um sistema que busca mensurar de forma objetiva os critérios Conhecimento, Habilidade e Atitude. Através de uma análise entre o “perfil desejado” para um posto de trabalho e o “perfil manifesto”, podemos avaliar e propor formas de desenvolvimento profissional para se atingir uma dada meta ou um objetivo.

Então, dentro da categoria Conhecimento podemos nos perguntar se determinado profissional envolvido com um problema frequentou cursos necessários para o bom desempenho de suas funções, ou se podemos oferecer a ele a oportunidade de uma reciclagem. Se o problema aparentemente ocorreu por uma questão de Habilidade, podemos pensar em um treinamento para aperfeiçoá-lo nas relações interpessoais, para lidar melhor com o público ou mesmo para desenvolver uma comunicação mais efetiva.

Agora, se o problema teve origem comportamental, ou seja, se estiver na classe das Atitudes, então valerá um bate-papo ou um trabalho de coaching (orientação comportamental e profissional de adultos). Muitas vezes a gente espera que uma pessoa entenda ou saiba como agir diante de certo desafio e esta pessoa simplesmente não tem ideia de como lidar com o problema.

Por outro lado, o problema pode não estar no porteiro com seu rol de competências, mas sim com os condôminos, que transgridem regras e fazem imperar suas vontades à força. Então é o momento de se deixar claro o papel de cada um para que se tenha um relacionamento pacífico e feliz entre todas as pessoas. Pense em como esta mensagem pode ser colocada de forma subliminar no condomínio, por exemplo, instalando placas de “Sorria” ou de “Por favor, seja cortês ao falar com os funcionários”. É melhor assim do que impor sanções ou estabelecer novas regras que tenderão a ser transgredidas como as primeiras.

Não podemos evitar que algumas pessoas sejam mal educadas nem podemos demandar que elas percebam como suas atitudes magoam os demais ou mesmo colocam em risco a segurança de todos, mas podemos instruí-las e auxiliá-las a perceber como suas atitudes podem colaborar para que se construa um ambiente de paz e respeito entre todos.

Por Hernán Vilar

Hernán Vilar é psicólogo graduado pela UMESP e Pós- Graduado em Administração de Empresas pela FGV. Atua hoje como consultor nas áreas de Gestão de Pessoas, Empresas e Conciliação de Conflitos.

Mais informações: hern@nvilar.com.br

São Paulo, 14 de junho de 2013

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